Professor Pedro: Enquete da SUDUC diz não à recuperação de aulas no mês de julho

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Enquete da SUDUC diz não à recuperação de aulas no mês de julho

O governo do estado do Ceará realizou uma enquete através da internet sobre a utilização do mês de julho para recuperar as aulas que os alunos perderam em virtude das enchentes e da greve dos professores. Veja a opinião de pais, alunos, professores e cidadãos.

Que foram a favor

professores 87
alunos 1.212
pais 113
não identificados 472

Que foram contra

professores 3.118
alunos 19.069
pais 2.211
não identificados 4.016

Portanto, é provável que não haverá aulas no mês de julho de 2009

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Pare!!! Só leia este texto se você for louco.

Desordem
Era para ser apenas uma caminhada. Não sei exatamente no que se tornou. Nesse momento minha mente está em conflito. Não sei sobre o que falar, sobre o que versar. Só tenho consciência de estar com vontade de escrever sobre algo. Não sei se esta música do Raul que estou ouvindo está influenciando a desordem que passo ao papel. Fala das pedras que choram sozinhas no mesmo lugar. Será que ele era realmente um grande pensador das coisas que afligem os homens, ou era apenas o efeito das drogas? A verdade é que tem boas letras. Será que estou sobre efeito delas também? Qual tipo? Pensando em maluco tô lembrando agora de alguns que encontro aí pelas ruas. Busco a sinceridade na fala das pessoas e não encontro e até eu estou mentido. Ele também mente muito. Ela também. Aquele que você está pensando também é mentiroso. Diga algo para eu escrever, pois do contrário irei continuar jogando letras na tela sem sentido. Salvas estão apenas pela universalidade dos valores que oscilam e o que hoje não tem relevância amanhã poderá ter. Depois do Raul já ouvi algumas do Fagner. Todos buscam falar de tudo e o conseguem com propriedade e às vezes com certo tom de ridicularidade chegam a ser banais. Agora o Raul diz que é de batalhas que se vive a vida e pede para eu tentar outra vez. O que é que ele entende de batalhas? Quantas ele venceu? Você já pediu a benção ao seu pai hoje? Ah, você não fala com ele. Tá certo. Que pena! Como foi a festa de ontem? O que você bebeu?
É, você ainda não me deu um bom tema para eu tentar dissertar ou narrar ou descrever ou fazer tudo isso junto e por isso continuo a escrever palavras soltas. O que você pensa sobre isso? Tenho que trabalhar amanhã. Estou indo sem vontade, mas quando chego lá acabo me empolgando. Como sei? Já aconteceu antes. Também já aconteceu o contrário. E você? O que faz agora além de ler. Já sei, tenta entender um maluco. Olhe-se ao espelho. Compreenda-me, só estou rascunhando traços no firmamento e tentando produzir algo inédito. Todos buscam um norte, um nexo com a realidade. Até eu faço isso às vezes. Nesse momento, no entanto, resolvi fazer o caminho inverso. Tente também. Penso agora onde está meu pai que já se foi a dezenas de anos. Onde estará!? Minha mãe ainda chora quando lembra. Eu sinto algo que me faz refletir quando a vejo em lágrimas. Você já refletiu sobre a lágrima? Algo nesse momento me incomoda, mas não quero confidenciar com o amigo leitor. Compreenda. Não somos conhecidos ainda e, mesmo que o fôssemos, sou reservado. Você conta tudo da sua vida para alguém? Que idiota você é. Ou serei eu esse idiota? Só o tempo dirá. Só há, na verdade, uma verdade: eu sou um louco diante de quem criou tudo isso e me fez de marionete e você é outro que ainda não percebeu isso. Será mesmo!? Obrigado por você ter tido curiosidade e lido até o final, mas não vejo mérito nisso nem para você nem para mim, pois daqui a alguns anos você e eu não seremos mais que ossos brancos na cidade-de-pés-juntos.
Prof. Pedro

Conto "A coluna da hora"

A coluna da hora

Aos meus quase dezoito anos, num dia triste de inverno quando a tarde embrulhava-nos com seu manto nuvioso, encontrava-me em casa a pensar em alguns capítulos éditos de minha vida. Lembrei, de repente, de quando eu era menino e seguia com meu irmão em nossas caminhadas pela caatinga em busca de pequenas aventuras como encontrar um ninho de pássaro qualquer, encontrar uma casa abandonada que nos fazia imaginar alguém que viveu ali há muito tempo (essa era minha parte preferida), achar uma ou mais melancias em um roçado qualquer que pudesse aliviar nossa travessa e inconseqüente sede, dentre inumeráveis epopéias pueris.
Ao despertar desta retrospectiva que me custou um pequeno ardor nos olhos, resolvi sair um pouco com minha magra e desbotada bicicleta pelas ruas de nossa cidade. Parei na praça principal e lá não pude descontinuar meus reflexos diacrônicos. Parece que aquele dia estava de alguma forma muito triste, não pelas lembranças, pois as mesmas levavam-me à verdura de minha infância, mas pelo aspecto sombrio de uma tarde invernosa que se ilustrava como incubadora de funestas premunições.
Ainda lembro daquele banco duro que me forçava a mudar de posição constantemente, era verdadeiramente um incômodo. Fiquei contorcendo-me por longos minutos e só parei meio que anestesicamente quando me pus a observar uma grande coluna de quatro andares que havia no meio da praça. No último andar havia um relógio de máquina encharcada de graxa com um grande pêndulo que nesse momento por seu aspecto funesto parecia obra de Poe. Só parava quando faltava manutenção de corda. Sua energia provinha de dois enormes blocos de concreto de forma cilíndrica que eram erguidos do primeiro ao último andar por grossos cabos de aço ligados diretamente à máquina. O primeiro bloco, em queda gravitacional, alimentava o movimento dos ponteiros, que era regulado pela altura da medalha fixada na ponta do pêndulo. O segundo e bem maior servia para o movimento do martelo de quatro quilos que era arremessado uma vez de meia em meia hora e tantas vezes fossem necessárias na contagem das horas sobre um grande e melodioso sino de aspecto fosco semelhante ao bronze envelhecido. Recordo-me especialmente daquele grande senhor de olhos azuis e cabelos já esbranquiçados pelo tempo, que religiosamente vinha, de quatro em quatro dias, realimentar as horas elevando os blocos de concreto ao penúltimo andar para que o tempo não parasse na pequena e pacata cidade.
No segundo andar havia uma grande janela que parecia gemer ao toque do vento e ao som de suas dobradiças enferrujadas. Seu ruído lamentoso transmitia melancólico sentimento, reforçado pelo interminável tic-tac das curtas viagens do pêndulo, superado apenas pelo forte impacto do martelo sobre o sino cansado pelo tempo. Aquela harmonia macabra, análoga a produzida pelos portões da casa final dos que aqui dedicam-se à prejúria, ao egoísmo e à carnificina humana parecia invadir meu espírito de tal modo que me senti meio a uma atmosfera onde tudo se dissolvia numa fraqueza cambaleante semelhante a um desmaio metafísico. As imagens de tudo que eu olhava se desfaziam como se num surto de miopia ou adquiriam forma estranha, pareciam passar por um portal apertado para outra dimensão. A todo esse concerto fúnebre somava-se a aparência debilitada da coluna da hora. Sua pintura desgastada pelo vento, pelo sol e pela chuva parecia pedir clemência. Suas paredes feridas e riscadas por andantes insensíveis ao patrimônio comum ajudavam ainda na construção do aspecto quasímodo. Seu sofrimento parecia ser meu sofrimento. Todo aquele quadro de abandono construía uma terrível sensação em meu espírito. Tentei lutar contra aquela angústia sem êxito.
Decorridos alguns instantes aproximou-se do cume da coluna uma nuvem negra e espessa e sobre lá parou por demorados minutos de tal modo que não era possível ver a parte final da coluna dada à densidade da nuvem. A janela do segundo andar batia contra o portal com uma agressividade sem explicação e suas dobradiças rangiam como nunca. As árvores que ornavam circularmente a edificação contorciam-se de modo tal que, faltavam beber água do solo com as folhas, sem que nenhum vento eu sentisse em minha pele que tinha seus pelos endurecidos pela sensação de desespero que tomava conta de mim.
Quando estava com a respiração desfalecida, ofegante como um cardíaco vi surgir um quadro branco em uma das laterais da coluna. Era um dos quatro mostradores do relógio, o que ficava do lado Sul que parecia repelir a fumaça negra e mostrava-se límpido como o azul de uma manhã de verão. Comecei a ver imagens disformes que surgiam e sumiam em reflexos instantâneos. Agora já demoravam mais e passado algum tempo pude visualizar nitidamente do que tratavam. Vi figuras de crianças que brincavam em algazarra na praça e logo se tornavam jovens, numa outra fração de tempo já eram enamorados e em poucos instantes já adultos encontravam-se, migravam à fase adulta em igual rapidez e não demoravam a chegar à velhice. Tudo acontecia em menos de um minuto em meu relógio. Observei alguns fios de cabelo que eram dourados como o ouro e passavam rapidamente a caramelo, em seguida a castanhos, a pretos, a grisalhos e por último a cor do algodão. Ouvi gritos de angústia, beijos de amor, gemidos de dor, gargalhadas melodiosas, choros de saudade e sorrisos sem cor. Vi lágrimas rolando em faces avermelhadas, abraços amigos e dissimulados, empurrões às claras e as escuras, apertos de mão com vigor e com a ponta dos dedos, sangue e água fresca.
Aquele mostrador parecia me revelar tudo o que os seus longos anos de observador imperceptível tinha testemunhado ao longo das décadas. Seus olhos pacientes que tudo ali viram e ainda viam mostravam-se cansados e dispostos a fazer desfilar diante dos meus, todas as tristezas e alegrias humanas. Todas as maldades e bondades ali acorridas em forte sol, em fraca chuva, em tranqüila manhã ou escura madrugada eram-me declaradas como em visão apocalíptica. Olhei ao lado e nada vi. Algumas árvores da praça estavam maiores, outras não mais haviam, as construções mais envelhecidas, a coluna ruía em melancólico e silencioso abandono. Eu estava com oitenta anos.
Pedro Policarpo da Costa

Professor Pedro

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Enquete da SUDUC diz não à recuperação de aulas no mês de julho

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Professor Pedro Policarpo

Anexo FT Aroeiras assitindo ao filme produzido pelos colegas da FT Sede

O anexo FT Aroeiras aplaude e se emociona com o talento dos alunos da 3ª Série FT Tarde

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Pare!!! Só leia este texto se você for louco.

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